Logística reversa de RCD cresce e traz incentivos ao setor
Fonte: TEM Sustentável
De um lado, um campo promissor, que gera renda, empregos e tem recuperado o fôlego. De outro, a sombra de um dos setores que mais produz detritos e causa impactos em diferentes âmbitos. Para dar fim à essa fama e, mais ainda, equilibrar suas ações de forma a garantir sustentabilidade, o mercado da construção civil tem adotado práticas mais conscientes, sendo a logística reversa de resíduos da construção e demolição (RCD) uma das que mais ganham adeptos e investimentos.
Para se ter ideia da necessidade de implantação de políticas de logística reversa mais rigorosas, somente no Brasil gera-se 84 milhões de metros cúbicos de RCD por ano. Se 100% reciclados, esses resíduos seriam suficientes para pavimentar quase 170 mil quilômetros de estradas ou construir 3,7 milhões de casas populares. Os dados são de um estudo elaborado por Hewerton Bartoli, presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON) e diretor da R3CICLO.
Popularmente chamado de entulho de obra, o RCD nasce de construções em geral, reformas e demolições. Segundo Bartoli, o sistema de logística reversa consiste no descarte de resíduos inertes, isto é, de alvenaria e concreto em usinas de reciclagem e consumo de agregado reciclado – areia, bica corrida, brita e rachão. “A ideia é otimizar a gestão, usando a mesma caçamba para ambos os serviços. Com isso, torna-se possível reduzir os custos e amenizar os impactos gerados pela emissão de CO2 e o trânsito no entorno do empreendimento”, observa.
Outros ganhos e considerações para a construção civil
O ponto alto da adoção da logística reversa nas empresas de construção é sua forte ligação com o tripé da sustentabilidade. Ou seja, trata-se de uma ação ambientalmente viável, economicamente equilibrada e socialmente justa. Além disso, o dirigente afirma que o produto é, em média, de 10% a 30% mais barato que o agregado virgem, oriundo de pedreiras. “O seu uso poupa a extração de recursos naturais e a vida útil de aterros. Sem contar que a atividade gera emprego e renda e toda a cadeia ganha com a prática”.
A ligação entre logística reversa e sustentabilidade ainda está na não geração de resíduos e possíveis descartes irregulares, afinal, o mercado gerador também é consumidor. “Geralmente, obras de construção comercial e residencial, além da pesada, são grandes mercados. O consumo maior fica com empresas de terraplenagem para acesso de obra e aterro e com o setor de pavimentação como base e sub-base”, alega Bartoli. O destaque vai para a fabricação de artefatos de concreto sem função estrutural, como blocos de vedação e pisos intertravados.
No entanto, o presidente da ABRECON faz um alerta: para que funcione adequadamente e assegure qualidade, segurança e organização, os agentes envolvidos nos processos de logística reversa devem atender a normas específicas e que norteiam o trabalho de reciclagem. Duas delas são a Resolução CONAMA 307/2002 e a Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas é igualmente importante considerar a NBR 15.114, para operação de usinas de reciclagem, e as NBRs 15.115 e 15.116, de aplicação do agregado reciclado.