Sabe aquela embalagem de salgadinho que você joga fora depois de comer? E a fralda suja do bebê, que vai parar na lata de lixo? Itens como esses, que são descartados diariamente, viram matéria-prima para a fabricação de outros produtos na empresa Boomera, com sede em São Paulo.
Segundo a companhia, os materiais descartáveis são recolhidos de cem pontos de entrega (escolas, condomínios e supermercados), 200 cooperativas de catadores e 400 empresas clientes da Boomera em todo o país.
Na fábrica da empresa, em Cambé (PR), esses materiais são transformados em resinas para a fabricação de outros produtos, como pallets plásticos, lonas agrícolas e displays de pontos de venda, como balcões e estantes. Outros produtos estão em desenvolvimento.
Fundador e presidente da Boomera, Guilherme Brammer, 41, diz que a empresa faz a "economia circular" desde o desenvolvimento da embalagem, o recolhimento do descarte e a transformação em outro produto até a comercialização em cerca de 15 mil pontos de venda.
A companhia atua em duas áreas:
- Logística reversa: é contratada por empresas interessadas na coleta de embalagens dos seus próprios produtos e, então, implanta e faz a gestão de cooperativas de catadores;
- Engenharia circular: a partir do material coletado e reciclado, desenvolve novos produtos, como embalagens.
"A empresa atua em toda a cadeia produtiva, desde a pesquisa de qual material o cliente poderá escolher para seus novos produtos, a gestão da logística reversa dos resíduos gerados, a parceria com cooperativas de catadores, até dar nova vida a esses materiais na nossa fábrica e vender os produtos reciclados", afirmou o empresário.
Veja exemplos de materiais coletados e em que produtos eles são transformados:
- Embalagens de salgadinho, chocolate, café, biscoito e ração: viram pallets plásticos e lonas;
- Resíduos eletrônicos, como placas e telas de celular: viram cadeiras projetadas pelo designer Marcelo Rosenbaum;
- Resíduos de produtos da marca P&G, como embalagens flexíveis: viram displays de pontos de venda;
- Embalagens de produtos da marca Sou, da Natura: viram embalagens plásticas para a própria Natura;
- Cápsulas de café Dolce Gusto, da Nestlé: viram bandejas para armazenamento de novas cápsulas e vasos para plantio de mudas de café.
No caso das fraldas usadas, a parte orgânica (urina e fezes) é separada da parte plástica e descartada. O plástico, então, é transformado em resinas, mas Brammer não revelou quais produtos são produzidos a partir dela. "Estamos com um grande projeto, que será lançado em dois meses", disse.
A empresa não divulga o investimento inicial nem o lucro do ano passado. Em 2017, o faturamento foi de R$ 20 milhões. A previsão é faturar R$ 40 milhões neste ano, segundo Brammer. A empresa começou com dois funcionários; hoje, tem 140.
O empresário disse que a Boomera tem mais de 400 clientes, entre eles empresas como Nestlé, P&G, Natura, Adidas e Unilever.